A Associação Mundial de Jornais (WAN) voltou a atacar duramente o Google e reclamou da falta de cooperação para resolver a questão dos direitos autorais no uso de notícias pelos chamados “agregadores” na internet, entre os quais o Google News é o líder absoluto. “Temos tentado sentar para negociar, mas o Google não tem colaborado. Enquanto isso, continua com sua cleptomania”, disse Gavin O’Reilly, presidente da WAN, na sessão de encerramento do 62.º congresso mundial do setor.
O’Reilly se dirigia a David Drummond, vice-presidente de assuntos jurídicos do Google, que participou do painel. Segundo O’Reilly, o Google tem sido “insistentemente convocado” a colaborar com a implantação de um software, criado pela WAN, denominado ACAP, e que permite a um site noticioso controlar o uso de seu conteúdo por terceiros. “Vocês conversam aqui e ali, mas se recusam a sentar à mesa com a associação”, disse.
“Vim a esse debate em missão de paz e desarmado”, amenizou Drummond. “O Google não é o culpado. Os jornais é que não estão aproveitando todo o nosso potencial, e deveriam trabalhar mais próximos a nós”, defendeu-se.
Visivelmente irritado, O’Reilly mencionou que recentemente o presidente mundial do Google, Eric Schmidt, disse em entrevista que “é um imperativo moral ajudar os jornais”. E rebateu: “Ninguém aqui está falando em caridade, nem de certo ou errado. Estamos falando de leis, de copyrights de conteúdos que, sejamos honestos, custa caro produzir.” “O Google sempre fala no tráfego que gera para os sites dos jornais. Mas não seria um direito das empresas escolher o que querem pelo seu conteúdo, se é tráfego, pagamento ou algo diferente?”, disse O’Reilly. “Se o Google reconhece a legitimidade dos direitos autorais, pelo menos deveria ser a favor da implantação do ACAP. Não estamos falando de algo abstrato, é só a lei.”
Drummond procurou contemporizar, afirmando que, na visão de sua empresa, o buscador não está infringindo direitos. “Temos uma diferença fundamental aí. Não consideramos que pesquisar e organizar links seja quebra de direitos.” Segundo ele, tem havido “decisões favoráveis” de alguns tribunais pelo mundo. “Não queremos dar uma mãozinha, queremos que todo mundo ganhe dinheiro.” Mas Drummond admitiu que o Google “ainda não fez tudo o que está ao seu alcance”.
Acordo à vista?
Gratuidade será limitada
O Google anunciou na quinta-feira que vai limitar o acesso gratuito a notícias que exigem a assinatura do conteúdo. Pelas novas regras do Google News, cada usuário poderá ver, no máximo, cinco artigos diários de algum site que exige assinatura – casos, por exemplo, do Wall Street Journal e do Financial Times. Com isso, a empresa pretende impedir uma distorção. Reportagens que só eram disponíveis para assinantes do Wall Street Journal, o principal crítico do modelo de busca e um dos mais prejudicados pela distorção, podiam ser lidas gratuitamente na busca do Google News. Com isso, muitos usuários liam os artigos que lhes interessavam só pelo sistema de indexação de notícia, sem precisar assinar o jornal ou o site.
Fonte: Gazeta do Povo
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