quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Jornais precisam cobrar por conteúdo na web, diz WAN

Estudo da associação mundial aponta que receita publicitária digital não está decolando
Ricardo Gandour, ENVIADO ESPECIAL, HYDERABAD, ÍNDIA

O faturamento das atividades digitais das empresas jornalísticas está crescendo mais devagar, obrigando os jornais a rever seus modelos de negócio - como, por exemplo, abraçar de vez a ideia de cobrar pela distribuição digital. Essa é a principal conclusão do trabalho anual "Tendências", apresentado na tarde de ontem na abertura do 62º congresso da Associação Mundial de Jornais (WAN, na sigla em inglês).

O estudo, conduzido pela consultoria PricewaterhouseCoopers, aponta que em 2008 o bolo publicitário global dos jornais foi de US$ 182 bilhões, dos quais apenas US$ 6 bilhões vieram da internet. O mesmo estudo projeta que as vendas digitais não passarão de US$ 8,4 bilhões em 2013 e que, neste ano, a soma das receitas do impresso e do digital não superarão as vendas "de papel" em 2008.

"Tão cedo as vendas digitais não compensarão a queda das receitas dos impressos", disse Timothy Balding, co-CEO da WAN. "Se os jornais quiserem manter sua liderança em conteúdos de qualidade, alguém vai ter de pagar por isso. Vamos ter de resolver a questão do pagamento digital, e rápido", disse Balding. O assunto esteve presente em todas as mesas de debate do congresso e também do 16º Fórum Mundial de Editores, que acontece em paralelo. "Para continuar competindo, os jornais terão de reassumir o controle do conteúdo", frisou.

BOAS NOTÍCIAS

O levantamento também trouxe algumas boas notícias. "Não é o apocalipse", disse Balding. Em 2008 (último ano fechado da série estatística - a crise adiou o congresso, programado originalmente para março, e também o fechamento da pesquisa), a circulação dos jornais pagos cresceu 1,3% em relação ao ano anterior, e 8,8 % nos últimos cinco anos. O desempenho global foi significativamente impactado pelo crescimento nos mercados emergentes. "Mas, mesmo nos mercados maduros, caso da Europa, a circulação caiu menos de 3% nos últimos cinco anos", disse Balding.


NÚMEROS

1,9 bilhão
de pessoas, ou 34% da população mundial, lê um jornal todo dia

24% da população
mundial usam a internet

107 milhões
de exemplares por dia é a circulação média dos jornais na Índia, ou 20% da circulação mundial. É o maior mercado mundial
60% da circulação
mundial de jornais está nos mercados da Índia, China e Japão

612 exemplares
por mil habitantes é a penetração dos jornais no Japão, o melhor índice mundial, seguido pela Noruega (576) e Finlândia (482)

91% dos japoneses
leem um jornal diariamente

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