sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Jornal do futuro

Para os defensores do papel, aqueles que não admitem que jornais e revistas impressas sejam substituídas futuramente por versões eletrônicas, uma boa novidade. Um grupo de professores da Universidade de Cincinatti está desenvolvendo o "e-paper", ou seja, o papel eletrônico. Uma técnica que vai permitir ao leitor ler o jornal digital como se fosse impresso.

Fonte: Paraná Online

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Som de qualidade? Notebook também tem!

Depois de consolidar sua presença na chamada era da computação visual, a nova fronteira a ser conquistada é exatamente a barreira do som. Isso não significa que o PC deva voar acima de Mach 1 e sim que alguns modelos e fabricantes irão investir em sistemas de som de cada vez mais qualidade.


Ao contrário do que possa parecer, implementar um bom sistema de som em um portátil é algo bem mais complicado do que, por exemplo, parafusar uma ou duas GeForce ou Radeon na placa-mãe e ligá-las na saída de vídeo.

Fora isso, o projeto de um portátil em si costuma ser delimitado por outros fatores como tamanho, peso, desempenho e autonomia da bateria, de modo que a reprodução de som tem de encontrar o seu espaço no meio desse emaranhado de especificações, acabando emsoluções muitas vezes simples, formadas apenas por dois alto-falantes de 1 watt posicionados um em cada canto da sua base para se obter a sensação de estéreo.

Alguns ultraportáteis até que bem conceituados no mercado, como os ThinkPad das séries X30 e X60, vinham apenas com um alto-falante mono. Se levarmos em consideração que 80% das aplicações mais usadas nos computadores demandam algum tipo de som — como assistir um vídeo, ouvir música, jogar ou mesmo fazer uma ligação de VoIP é uma pena que muitos fabricantes de notebooks não se preocupem tanto com seus sistemas de som.

E o que seria definição de um som ruim? No geral, som ruim é aquele que não é muito claro e que não melhora nem mesmo se aumentar o volume, o que pode levar a mais distorções, estouros e mais ruído de fundo.

Para combater essas deficiências surgiram diversas iniciativas do mercado que visam melhorar a percepção do som. Um bom exemplo é a iniciativa SonicMaster da ASUS, que define uma série de especificações a serem consideradas de acordo com o modelo de uso.

Assim existem três diferentes nívels de uso, sendo que a mais básica deve garantir a reprodução clara da voz humana — característica essencial para aplicações de negócios, enquanto que a mais alta tem de ser igual aos dos atuais sistemas de som de alta fidelidade. Assim os usuários podem fazer suas escolhas baseadas nas suas necessidades.

Fora isso ainda existem outros fatores mais subjetivos relacionados com a maneira com que as pessoas percebem uma boa fonte de áudio. Por exemplo, muita gente prefere apresentações ao vivo do que gravações de estúdio. Outras dizem que o som alto é algo importante, principalmente em ambientes barulhentos, já outros se sentem desconfortáveis com qualquer tipo de som.

Assim a ASUS, como projetista e fabricante do seu próprio hardware, começou a ter um cuidado ainda maior na disposição do componentes internos do equipamento, com especial atenção à posição dos alto-falantes e o espaço livre ao seu redor. Isso combinado com um bom circuito de som e uma boa base de software (incluindo codecs especiais) permitem um ajuste fino de todo o sistema usando DSPs para eliminar qualquer imperfeição na reprodução do som. Note que a experiência de uso do SonicMaster também se aplica à saída de som line-out. Na prática, os usuários de fones de ouvido também devem tirar proveito da melhora de som proporcionado por essa tecnologia.

Muito desse trabalho foi desenvolvido em parceria com a Bang & Olufsen no desenvolvimento do produto carro chefe da casa, o modelo NX90.


Interessante notar que a tecnologia SonicMaster é basicamente um padrão de projeto de modo que diversos tipos de materiais e componente poderiam ser utilizados — desde que atendam as especificações do fabricante — que por sinal são bem elevadas

Para se ter uma idéia do uso do SonicMaster no mundo real, tivemos a oportunidade de registrar a saída de som de alguns portáteis da ASUS já disponíveis no Brasil utilizando um gravador digital Zoom H1.

Como referência de uma saída de som bem básico ouvimos a saída de som de um eee PC 1201T um notebook Thin and Light. Para baixar/ouvir as gravações clique nos links abaixo:



Depois disso passamos para o Asus N53JQ um modelo de médio porte voltado para aplicações de mídia,  já equipado com a tecnologia SonicMaster:


Finalmente temos o NX90JQ, uma impressionante plataforma de mídia com desenho assinado pelo designer David Lewis em parceria com a Bang & Olufsen.



Fonte: Zumo

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Concerto de Natal encerra projeto Música nos Museus

O Projeto Música nos Museus do mês de dezembro apresenta um recital de Natal com o Coro de canto gregoriano Cantus Libere, com regência do cantor Paulo Valente. Nesta edição, será apresentado um concerto com quinze peças musicais eruditas de temática natalina. O espetáculo acontece no Espaço Miguel Bakun, na próxima quinta-feira (16), às 18h30, com entrada franca.

Música nos Museus é um projeto da Secretaria de Estado da Cultura que mensalmente apresenta uma atração musical do Paraná em seus espaços de exposição. A idéia é contemplar todos os gêneros musicais, buscando como critério principal a qualidade dos músicos.

Para a secretária de Cultura Vera Mussi, essa é uma oportunidade de reunir num só espaço música e outras artes. "O projeto Música nos Museus quer trabalhar a excelência dos instrumentistas do nosso estado em espaços não-convencionais para espetáculos musicais. Assim podemos aproximar o público dessas duas linguagens artísticas numa ação de integração cultural", finaliza.

CORO - O coro Cantus Libere, sediado em Curitiba, é composto por cantores profissionais e se dedica ao estudo e à prática da música sacra paleo-cristã. O repertório contempla, além do canto gregoriano, o canto ambrosiano (ou milanês), o canto mozárabe e o canto galicano. O estudo da interpretação rítmica e da restituição melódica é realizado em fac-similes de manuscritos medievais levando-se em consideração também as pesquisas realizadas por renomados estudiosos. “Somos o primeiro e, talvez, o único grupo no Brasil a trabalhar dessa forma com o intuito de conseguir uma execução mais próxima do período conhecido como ‘Idade do Ouro’ do canto gregoriano, ou seja, a alta Idade Média”.

Informações: Paulo Valente
Regente do Coral Gregoriano
(41) 9902-4610

Fonte: Rodney Caetano

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O fascínio dos jornais

Carlos Alberto Di Franco
 
A confiança da população na qualidade ética dos seus jornais tem sido um inestimável apoio para o desenvolvimento de um verdadeiro jornalismo de buldogues

A melhor arma do jornal para se adaptar às novas tecnologias digitais é a qualidade do seu conteúdo. Há mais de uma década, falando do alto da tribuna da Associação Mundial de Jornais, Bill Gates fez um exercício de premonição. O dono da Microsoft previu que no ano 2000 não haveria mais jornais impressos. Hoje, ao contrário da sombria profecia de Gates, os diários continuam vivos. No Brasil, para além da razoável saúde dos diários tradicionais, explodiu o fenômeno dos populares de qualidade. O novo segmento não tem apenas incorporado novos leitores. Ele, de fato, representa uma esplêndida plataforma educativa. É fascinante ler alguns depoimentos dos novos leitores. São pessoas simples, frequentemente marginalizadas do debate público, que encontraram nos populares de qualidade a porta de entrada da cidadania.

Os diários têm conseguido preservar seu maior capital: a credibilidade. A confiança da população na qualidade ética dos seus jornais tem sido um inestimável apoio para o desenvolvimento de um verdadeiro jornalismo de buldogues. O combate à corrupção e o enquadramento de históricos caciques da política nacional, alguns sofrendo o ostracismo do poder e outros no ocaso do seu exercício, só é possível graças à força do binômio que sustenta a democracia: imprensa livre e opinião pública informada.

Mas o cidadão que confia na integridade dos jornais é o mesmo que nos envia alguns recados: quer menos frivolidade e mais profundidade. Tradicionalmente forte no tratamento da informação, alguns diários têm sucumbido às regras ditadas pelo mundo do entretenimento. Ao atribuírem à televisão a responsabilidade pelo emagrecimento de suas carteiras de leitores, partiram, num erro estratégico, para um perigoso empenho de imitação. Acabamos, frequentemente, imobilizados por uma falácia. A força da imagem, indiscutível e evidente, gerou um perverso complexo de inferioridade em algumas redações. Perdemos a coragem de sonhar e a capacidade de investir em pautas criativas. É hora de proceder às oportunas retificações de rumo.

A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso atiçar o leitor com matérias que rompam a monotonia do jornalismo de registro. Menos aspas e mais apuração. O leitor quer menos show e mais informação de qualidade. Apostar em boas pautas (não muitas, mas relevantes) é outra saída. É melhor cobrir magnificamente alguns temas do que atirar em todas as direções. O leitor pede reportagem. O lugar do repórter é a rua, garimpando a informação, prestando serviço ao leitor e contando boas histórias. Elas existem. Estão em cada esquina das nossas cidades. É só procurar.

Há muito espaço para o jornalismo de qualidade. Trata-se de ocupá-lo. Com competência, ousadia, criatividade e, sobretudo, com ética. A percepção do cidadão a respeito do papel do jornal é um inequívoco reconhecimento do seu vigor editorial e da força da sua credibilidade. Isso é bom. Mas deve ser um ponto de partida. Não podemos deixar a peteca cair. O Brasil depende, e muito, da qualidade técnica e ética dos seus jornais.

Finalmente, precisamos ter transparência no reconhecimento de nossos eventuais equívocos. Uma imprensa ética sabe reconhecer os seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, destruir patrimônios, desinformar. Confessar um erro de português ou uma troca de legendas é fácil. Mas admitir a prática de atitudes de prejulgamento, de manipulação informativa ou de leviandade noticiosa exige coragem moral. Reconhecer o erro, limpa e abertamente, é o pré-requisito da qualidade e, por isso, um dos alicerces da credibilidade.

A força de uma publicação não é fruto do acaso. É uma conquista diária. A credibilidade não combina com a leviandade. Só há uma receita duradoura: ética, profissionalismo e talento. O leitor, cada vez mais crítico e exigente, quer notícia. Quer informação substantiva.

O jornalismo moderno, mais do que qualquer outra atividade humana, reclama rigor, curiosidade, ética e paixão. É isso que faz a diferença.

Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo (www.masteremjornalismo.org.br), professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia (www.consultoradifranco.com). E-mail: difranco@iics.org.br.

Fonte: Gazeta do Povo

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Empresa de segurança na web cria 'bafômetro' para redes sociais

Usuários são impedidos de publicar mensagens quando estão bêbados.
É necessário fazer teste antes de entrar na rede social.

Do G1, em São Paulo

Em um dos testes, usuário deve seguir o dedo na
imagem com o mouse para provar que está sóbrio.
(Foto: Divulgação)
Para evitar que muitos usuários de redes sociais passem por apuros enquanto estão embriagados, publicando mensagens ou fotos comprometedoras, uma empresa de segurança na web criou uma espécie de “bafômetro” digital. O programa impede que, no caso de embriaguez, o usuário publique qualquer mensagem no Facebook ou no Twitter, por exemplo.

A Webroot desenvolveu uma aplicação chamada “Social Media Sobriety Test”, que pode ser instalada no navegador Firefox. Nela, o usuário deve configurar o horário do dia em que ele corre risco de estar embriagado e selecionar quais são as redes sociais que ele utiliza. Caso a pessoa deseje publicar uma mensagem neste horário, ela passará por pequenos testes de reflexos e deverá responder algumas perguntas para ser considerado habilitado.

Caso passe no teste, ela poderá publicar o que quiser. Caso seja reprovado, o sistema bloqueia o acesso à publicação, divulgando um aviso de que o usuário está embriagado demais para publicar uma mensagem.

Fonte: G1 publicada em 11/11/2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Aplicativos de jornais estão matando as versões em papel, diz executivo

Declaração foi feita pelo vice-presidente operacional da News Corp. Empresa informou que publicações perderam 90% de seus leitores on-line.

Reuters

O vice-presidente operacional da empresa News Corp, James Murdoch, afirmou nesta sexta-feira (12) que a venda de aplicativos de jornais para aparelhos como o iPad, da Apple, está matando as vendas das versões em papel.
Usuários do iPad podem baixar aplicativos de jornais para uma melhor leitura. (Foto: Divulgação)

A News Corp fechou o site gratuito do diário Times, de Londres, em junho deste ano. O jornal, sua versão dominical Sunday Times e o News of the World – tablóide mais vendido do Reino Unido – estão disponíveis na internet apenas para assinantes.

A unidade de jornais britânica da News Corp, News International, informou neste mês que as publicações perderam até 90% de seus leitores on-line e hoje têm 105 mil leitores pagantes, incluindo clientes dos aplicativos dos jornais para iPad e Kindle, e-reader da Amazon.

A indústria está de olho nos resultados da medida da News Corp, uma vez que vem perdendo leitores e receita com publicidade para fontes gratuitas de informação e por isso busca novos modelos de negócios para a era digital.

O presidente-executivo da companhia, Rupert Murdoch, pai de James, já se referiu ao iPad como um marco de grandes mudanças para a indústria. Muitos no setor concordam, graças à tela grande do iPad, sua alta resolução e capacidade para ferramentas interativas.

Fonte: G1

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Ameaça à liberdade

Digamos que o Congresso aprove no próximo ano o projeto que está sendo gestado nas entranhas do governo para criar uma agência reguladora da mídia. E digamos que, “por merecimento”, a presidente Dilma Rousseff indique para presidir a agência o atual ministro de Comunicação Social, jornalista Franklin Martins. Afinal, pelo menos publicamente, é dele o maior esforço para a criação dessa agência.

Continue lendo essa opinião publicada na Gazeta do Povo...

Entidades defendem diálogo sobre regulamentação

Um dia depois de o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, declarar que a regulamentação sobre a mídia será feita mesmo que num clima de enfrentamento, as entidades do setor deixaram claro que o tema deve ser tratado com diálogo e não com con­­­fronto. Dirigentes da Asso­­­­ciação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e outras ligadas a empresas de telecomunicações evitaram polemizar com o ministro e afirmaram que pretendem contribuir com a discussão.

Leia mais na matéria do Jornal de Londrina...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ministro diz que debate ocorrerá mesmo se mídia não concordar

O governo federal levará adiante a discussão sobre a regulação dos meios de comunicação eletrônica (rádio, televisão e internet) com ou sem o consenso das empresas do setor. Segundo o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, “nenhum grupo terá o poder de interditar o debate”, que ocorrerá por “entendimento ou enfrentamento”. Ele também citou ontem que “fantasmas”, como uma suposta ameaça à liberdade de imprensa, prejudicam as negociações sobre o assunto.

Leia mais na matéria completa da Gazeta do Povo...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Conselho de Comunicação tramita no CE, BA, AL e PI

Identificar e denunciar "irregularidades" cometidas por veículos de imprensa são atribuições comuns a pelo menos três das quatro propostas de criação e remodelagem de conselhos estaduais de comunicação. Em tramitação em quatro Estados do Nordeste (Ceará, Bahia, Alagoas e Piauí), os projetos são apresentados oficialmente como indutores de novas políticas públicas de comunicação, porém três com caráter abertamente fiscalizador.

Projeto mais avançado até agora, o Conselho Estadual de Comunicação Social do Ceará (Cecs) teve seu texto aprovado na semana passada pela Assembleia Legislativa. De lá, a proposta seguiu para a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), que no momento analisa sua viabilidade jurídica. Se habilitado, o projeto terá o seu mérito analisado pela Casa Civil e pelo governador Cid Gomes (PSB).

Elaborado por um conjunto de organizações sociais, o projeto foi encampado pela deputada estadual Rachel Marques (PT), que o levou ao plenário. Em tratamento médico, a parlamentar não respondeu aos pedidos de entrevista. Porém, um dos responsáveis pelo projeto, o jornalista e professor universitário Ismar Capistrano garantiu que o conselho não exercerá qualquer tipo de pressão sobre os meios de comunicação, porém admitiu a existência de uma "função acessória" de fiscalização.

"Se for detectada alguma irregularidade, o conselho encaminha um parecer ao Ministério Público, que analisa a situação e avalia a necessidade de medidas cabíveis", afirmou Capistrano, coordenador de formação da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária do Ceará. Ele esclarece que o projeto aprovado em plenário é de indicação, e não de lei. Ou seja, trata-se apenas de uma sugestão ao governador, que pode ou não aceitá-la. Em caso positivo, aí então é que seria encaminhado ao Legislativo o projeto de lei.

Procurada, a assessoria de imprensa do governo cearense informou que Cid Gomes ainda não tomou conhecimento do texto em tramitação. Lembrou, porém, que o governador já se manifestou sobre o tema, ao dizer que "nenhum conselho deve ter poder sobre a imprensa".

Para o advogado José Paulo Cavalcanti Filho, ex-ministro da Justiça e especialista em legislações que regulam a imprensa, a criação de foros estaduais parece ser uma estratégia alternativa para a viabilização da atividade do Conselho Federal de Jornalismo, cujo projeto foi rejeitado pela Câmara dos Deputados, em 2004.

"Houve um clamor nacional contra esse projeto e ele não foi aprovado por via federal. Ressurge agora dentro de um projeto de poder mais amplo nas esferas estaduais. É legítimo supor, portanto, que se trata da mesma matriz autoritária", afirmou Cavalcanti. Ele lembrou, ainda, que a criação de conselhos estaduais é inconstitucional, visto que cabe exclusivamente à União regular os meios de comunicação.

E foi justamente por esse motivo que a PGE do Piauí deu parecer contrário à criação do conselho local. Ainda assim, as organizações que defendem o projeto irão apresentá-lo novamente na próxima semana, em reunião com deputados simpáticos à causa. "Consideramos preguiçoso o parecer da Procuradoria", afirmou Oscar Barros, coordenador do comitê piauiense do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), organização que defende a criação do conselho.

Secretário de Comunicação do Piauí durante a gestão de Wellington Dias (PT), Barros participou da elaboração do projeto para criação do conselho estadual. Segundo ele, o órgão seria vinculado ao poder legislativo e teria a função de assessorar os parlamentares em temas que envolvam comunicação social. "Eu quero poder dizer, por exemplo, que o sul do Estado necessita de cursos para operadores de rádio", explicou ele. Outra atribuição do conselho seria o incentivo à produção de conteúdo local.

No entanto, o projeto piauiense também prevê fiscalização dos meios de comunicação. "Se o conselho acha que uma emissora está exacerbando em sua função, ele encaminha o caso à Assembleia e, depois, ao Ministério Público", explicou Barros. "Com o conselho, a vigilância pode ser feita com mais vigor", completou.

Questionado sobre o que poderia configurar tal exacerbação, ele citou o exemplo hipotético de exploração da imagem de pessoas com deficiência na televisão. "Quero deixar claro que a intenção não é calar a boca de jornalista nenhum", enfatizou.

A tarefa de monitorar os meios de comunicação e denunciar "irregularidades" é atribuída aos conselhos de caráter consultivo, que é o que propõe os projetos de Piauí e Bahia. No Ceará, o texto da proposta cita funções "consultivas, normativas, fiscalizadoras e deliberativas" para o colegiado. Em Alagoas, que desde 2001 já tem um conselho estadual de comunicação, a proposta é que ganhe a função deliberativa, ou seja, com capacidade de participar das decisões.

"A proposta surgiu dentro do próprio colegiado, que ao analisar algumas questões entendeu que também deveria colocá-las em prática", afirmou o presidente do conselho, Marcos Guimarães. Ele afirma, entretanto, que o projeto está parado no Gabinete Civil estadual. "Ainda está em manuscritos", contou.

Assim como os demais, ele também negou que haja qualquer intenção de cercear a liberdade de imprensa em Alagoas, porém admitiu que o órgão exerce fiscalização sobre o conteúdo produzido no Estado. "Se você tem um programa de televisão que exibe um cadáver ao meio-dia, isso tem que ser discutido. A sociedade tem que discutir a informação que consome", opina.

Para Cavalcanti Filho, os conselhos estaduais representam uma volta ao passado. Ele defende que o controle dos meios de comunicação seja feito sob a forma de indenizações mais pesadas sobre a publicação de conteúdo considerado equivocado ou difamatório. "Se o jornal mentiu, que pague a indenização. O controle se faz no bolso. No mundo todo é assim".

Na Bahia, o projeto que visa a criação do conselho local também está sob análise técnica da PGE. O secretário estadual de Comunicação, Robinson Almeida, afirma que a proposta não faz menção a qualquer controle sobre os meios de comunicação. "A sugestão é de que atue na elaboração de políticas públicas, como apoio à produção de conteúdo regional, inclusão digital e democratização da informação".

Segundo ele, o maior benefício da criação do colegiado será "a possibilidade de a sociedade participar das discussões sobre as políticas públicas, assim como acontece nas áreas de Saúde e Educação". "Para o governo da Bahia, a fiscalização dos meios de comunicação é da própria sociedade, pelo controle remoto", afirmou o secretário, para depois informar que o projeto deve ser encaminhado ainda este ano para a Assembleia Legislativa.

Cavalcanti Filho tem dúvidas se a criação dos conselhos estaduais pode trazer riscos reais para a liberdade de imprensa no Brasil. Segundo ele, tudo vai depender do tratamento que Brasília dará ao tema. "Se o grupo dominante no poder quiser disseminar essa ideia, aí é um horror. Aí é um modelo de matriz claramente autoritária", avaliou.
Murillo Camarotto | Do Recife

Fonte: Valor Econômico

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Viver de blogs? Eles conseguem

Izabela Vasconcelos

Um foi demitido por blogar na hora do trabalho, o outro recebia críticas do pai para que deixasse o blog e procurasse um emprego. Contrariando as situações, os dois passaram a viver de blogs. Edney Souza, do Interney, blog e plataforma de blogs, e Thiago Mobilon, do Tecnoblog, especializado em tecnologia, estão entre os que conseguiram a proeza de lucrar com seus blogs.

Além de criar o Interney, que faz parte do IG, hoje Edney, aos 34 anos, é sócio da Pólvora, agência especializada em redes sociais e palestrante profissional na FGV, entre outras instituições. A Pólvora tem 20 funcionários, já Edney conta com uma secretaria e um desenvolvedor para sua plataforma de blogs. O empresário também trabalha com outra ideia, o Blog Content, empresa que irá desenvolver redes de blogs profissionais e já conta com três funcionários.

Demissão “impulsionou” carreira
“Há cinco anos trabalho só com comunicação. Em 2007, criei a rede de blogs, e depois comecei a perceber que muitas agências deixavam oportunidades passar nas redes sociais, aí criei a Polvora. Virou um balaio de coisas”, explica.

A paixão por blogar custou o emprego de Edney, que é formado em processamento de dados. “Já cheguei a ser demitido por atualizar o blog no horário de trabalho, na visita a um cliente. Aí eu pensei, será que isso é tão importante pra mim a ponto de eu perder meu emprego? Foi um momento chave pra mim”.

E por incrível que pareça, o que o blogueiro mais gostava de fazer, era o que mais lhe dava dinheiro. “Vi que o que eu mais gostava de fazer me dava mais dinheiro do que o que mais me estressava”. Mesmo assim, a vida não é tão tranquila. “Trabalho da hora que acordo até a hora que durmo”, diz.

A demissão fez Edney se dedicar mais ao blog. “No começo de 2005, decidi viver exclusivamente do blog, depois surgiu outras oportunidades”. Além de manter seu próprio blog, o empresário criou a plataforma de blogs Interney, que reúne vários blogueiros que, assim como Edney, também ganham dinheiro com a venda de espaço publicitário e a inclusão de lojas virtuais em suas páginas. Os blogueiros recebem comissão pelos produtos vendidos a partir de cliques em suas páginas.

Profissão: blogueiro
O que você faz? Essa pergunta nem sempre é fácil de ser respondida por um blogueiro. “Minha família não sei se entende até hoje o que eu e como eu faço. No começo meus amigos me achavam um louco, porque eu era gerente de sistemas na época e depois passei a me dedicar só ao blog”.

Resultados
Hoje, o Interney tem uma média de 5 a 7 milhões de visitas por mês. Edney prefere não revelar quanto ganha com o Interney, mas se mantém dele, além do trabalho na Pólvora e como palestrante. “Agora fica cada vez mais difícil responder essa pergunta”, ri o empresário, sugerindo que seus lucros cresceram com o tempo.

Empresário aos 24 anos
Já Tiago, hoje com 24 anos, criou seu blog quando tinha apenas 19. De lá pra cá, contratou nove pessoas para formar sua equipe, e seu blog, o Tecnoblog, foi chamado para fazer parte do Globo.com.

Tiago diz não ter horário para trabalhar. “Depende muito. Um dia desses saí para ir ao cinema e fui avisado pelo Iphone que o blog tinha saído do ar, aí eu fiquei tentando fazer ele voltar e acabei perdendo o filme. Não tem hora. Mas na maioria das vezes faço a maior parte das coisas de madrugada: gerencio, cuido da parte técnica, contrato e contabilidade”, conta.

O Tecnoblog foi criado em 2005, mas só em 2009 Thiago contratou uma equipe para ajudar no conteúdo e na parte técnica. “Em dezembro de 2005 criei o blog. Comecei a mexer em tecnologia, a me interessar. Em 2007, abri a empresa, em julho de 2009 contratei gente para escrever para o blog e em agosto desse ano veio a parceria com a Globo.com”, resume.

Vai trabalhar, menino!
O pai de Thiago não entendia por que o filho gastava tanto tempo na frente do computador. “Meu pai mandava eu ir trabalhar. Mas no fim, ele ficou espantado com o resultado, e depois de muito explicar, ele entendeu como funcionava”, conta.

Com o seu trabalho, Thiago já recebeu propostas de várias empresas e portais. “Trabalhei pra Intel e pra Nokia, atualizando os blogs deles em eventos e várias outras ações. Já recebi propostas de portais também, mas não deixei por causa do blog”.

Planos
Hoje Thiago se mudou para São Paulo e mora com dois editores do blog, um de Vitória e outro do Rio de Janeiro. A ideia deles é comprar um espaço e montar uma redação fixa, além de contratar mais funcionários. Hoje são 10 pessoas na equipe, mas apenas os três trabalham juntos, os outros sete ficam em diferentes cidades.

“Pretendo contratar um editor e uma pessoa pra parte técnica, nós só não contratamos porque ainda não temos espaço físico. É complicado gerenciar de longe”, afirma.

Resultados
Só na parte de conteúdo, o Tecnoblog conta com mais de 1, 5 milhão de acessos por mês. Se calculada a parte da loja virtual, esse número dobra. Thiago também não gosta de revelar o faturamento da empresa, mas admite que ultrapassa R$ 30 mil por mês. “Eu posso dizer que pra empresa se manter precisa ter mais R$ 30 mil em caixa por mês, sem o lucro, para o pagamento de funcionários e todas as despesas”. O dinheiro vem da parceria com a Globo.com, Google AdSense e, principalmente, da vitrine virtual do Mercado Livre.

Fonte: Comunique-se

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Revelados os vencedores do Top of Mind Paraná 2010

A Revista Amanhã apresentou na terça-feira, dia 5 de outubro, em café da manhã para convidados, o resultado da pesquisa Top of Mind Paraná 2010, que realiza há 16 anos, em parceria com o Instituto Bonilha, e apoio da FIEP – Federação das Industrias do Paraná. O projeto revela marcas, produtos, serviços, empresas e personalidades mais lembrados pelos paranaenses em mais de 70 categorias. As marcas líderes são identificadas a partir do relatório gerado por cerca de 1000 entrevistas pessoais realizadas pelo Instituto Bonilha nas principais cidades do Paraná, seguindo a delimitação clássica do IBGE.

A surpresa do estudo desse ano, realizado nos meses de julho e agosto, foi a ascensão da marca Sadia que aparece como líder em lembrança no estado, vencendo a mais importante categoria do ranking – Grande Empresa/Marca do Paraná, posição ocupada pela Copel há mais de 10 anos. "A vitória da Sadia não é à toa. A indústria está em cidades-chave do agronegócio do Paraná, como Ponta Grossa, Francisco Beltrão e Toledo e os paranaenses representam um terço da força de trabalho da companhia – cerca de 16,5 mil funcionários", explica Jorge Polydoro, diretor geral do Grupo Amanhã.

Confira todos os ganhadores aqui

Fonte: ClickMarket

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

90% das empresas brasileiras usam redes sociais

As redes sociais estão em alta nas empresas brasileiras, de acordo com um estudo realizado pela fabricante de softwares McAfee. Junto com Espanha e Índia, o Brasil está entre os países que mais fazem uso de aplicativos contidos em sites como Facebook e Twitter.

A McAfee fez um levantamento em 17 países e constatou que, em todos, mais de 75% das empresas utilizam ferramentas da chamada web 2.0 para os negócios. No caso de Brasil, Espanha e Índia, esse índice passou dos 90%, informa a BBC Brasil.

No geral, três entre quatro empresas disseram que o uso das redes sociais ajuda a ganhar dinheiro. Já no Brasil, nove a cada dez lucram com esses sites – o mesmo patamar alcançado nos Emirados Árabes Unidos, na Índia e no México.

Os bons números, no entanto, se devem a uma pressão sofrida exclusivamente no Brasil e na Índia pelo uso das redes como ferramenta de trabalho. De acordo com a pesquisa, 58% das empresas brasileiras disseram que o mercado as pressionou a adotar esses sites no dia a dia. Para a consultora brasileira Vanda Scartezini, que foi ouvida pela McAfee, o fato de os brasileiros “amarem” novidades ajuda a impulsionar as ferramentas 2.0. A analista Charlene Li ressaltou que a crescente demanda empresarial por redes sociais reflete seu uso nos países.

Mas o estudo revela uma contradição: enquanto os empresários usam sites como Facebook e Twitter cada vez mais para fazer negócios, eles mesmos proíbem seus funcionários de acessar os sites. Quase metade das empresas bloqueiam o acesso ao Facebook; mais na Espanha e Itália, onde 60% dos empresários são contra seu uso no horário de trabalho. O Brasil está entre os mais liberais, junto com Alemanha e Japão, países onde a proibição ao site de Mark Zuckerberg não chega a atingir um terço das empresas.

Fonte: Adnews

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Autorregulamentação está longe de consenso


Após rejeitar ideias como a do Conselho Federal de Jornalismo, empresas consideram prós e contras de novo modelo

Publicado em 27/08/2010 | Cinthia Scheffer, enviada especial
Antes da revogação da Lei de Imprensa, no fim do ano passado, jornalistas e empresários já discutiam alternativas à legislação, editada em 1967 e marcada pela ditadura instituída no país na época. Quando derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a lei eliminou, por exemplo, penas consideradas exageradas – fazendo com que o julgamento de ações contra jornalistas passasse a ser feito com base na Constituição e nos códigos Civil e Penal. Mas também deixou lacunas a serem preenchidas, como as questões que envolvem o direito de resposta. Na semana passada, vislumbrou-se uma solução com a intenção da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) de criar um conselho de autorregulamentação da imprensa. Um projeto ainda embrionário, no entanto, e longe de um consenso.

As formas de atuação do conselho ainda estão em estudo. O que se sabe até agora é que ele será composto por sete membros e nascerá com base nos modelos já adotados em outros países. Em seu discurso de abertura do Congresso Nacional de Jornais, realizado na semana passada no Rio de Janeiro, a presidente da entidade e diretora-superintendente da Empresa Folha da Manhã, Judith Brito, defendeu a criação do conselho como um avanço em relação aos códigos de ética já existentes em alguns jornais do país e na própria ANJ, em um “modelo que permita debater e avaliar nossos erros, de forma transparente”.

Responsabilidade

A ANJ vê no conselho uma forma de reiterar seu compromisso com a liberdade de expressão e com a responsabilidade editorial. A proposta remete a uma inevitável comparação com o Conselho de Autorre­gula­mentação Publicitária (Conar), que naquela mesma semana completava 30 anos e é tido pelo setor como um exemplo de sucesso no combate a abusos. Mas que, por outro lado, é questionado por dezenas de entidades não-governamentais que pedem restrições mais severas em alguns segmentos. Mantido por agências, anunciantes e empresas de comunicação, o Conar nasceu no fim dos anos 70, quando o governo federal pensava em sancionar uma lei que, para o setor, seria uma espécie de censura prévia à propaganda.

A comparação com o conselho publicitário, no entanto, trouxe à tona, em discussões no próprio congresso, as dificuldades de se implementar um órgão como este – reforçadas por críticas a uma possível reedição da abortada ideia de um Conselho Federal de Jornalismo, defendida em 2004 pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

“Não é censura agora?”, questiona o professor Rogério Christofoletti, pesquisador do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) em um artigo publicado nesta semana. O grande temor na época das discussões em torno do CFJ era que ele se tornasse um instrumento de censura. O editor de Opinião de O Globo, Aluizio Maranhão, que tem assento no Conar, indicado pela ANJ, disse em sua participação no congresso que o fato de o assunto estar na agenda do setor é bastante positivo, mas disse ver “sérias dúvidas” sobre a possibilidade de a ANJ criar um conselho nos moldes do Conar. “É muito mais fácil identificar o desvio numa publicidade do que o desvio numa reportagem”, ponderou. “Qual código poderá abranger o universo de 140 jornais num país disparatado como o nosso, onde se tem caciquias políticas, crime organizado com um pé na política, Bangladesh e Nova York?”, questionou.

Maranhão disse ainda que se sentia desconfortável ao criticar uma ação “corporativista-sindical-paraestatal” como a tentativa de criação de um CFJ e, ao mesmo tempo, defender a proposta da ANJ – ressaltando que fazia uma avaliação pessoal e política. O Conselho Federal de Jornalismo tinha como objetivo, entre outros pontos, “orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de jornalista”.

Riscos

O vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Abril e vice-presidente da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), Sidnei Basile, também fez referência ao CFJ e argumentou que o país precisa de “menos tribunais de ética e de mais práticas de uma cultura de convivência de boa fé”. “Isso [a autorregulamentação] é mais ou menos como carregar uma carga de dinamite. Dá para ser feito, mas com um enorme cuidado, porque o risco é imenso.”

O vice-presidente da ANJ, Nelson Sirotsky, defendeu a ideia do conselho citando a censura ao jornal O Estado de S.Paulo como um “exemplo objetivo” de eventuais atuações do órgão. “Fernando Sarney, um dono de jornal, entrou com uma ação e censurou o jornal O Estado de S. Paulo. Todos os associados (à ANJ) têm de sustentar a liberdade de expressão. Nós temos os valores, mas não temos um rito, por isso vamos nos regulamentar”, disse ele, citando a proposta de se aplicar sanções aos jornais, não aos jornalistas. A punição máxima seria a desfiliação da entidade.

entrevista
Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ)

A autorregulamentação é o grande desafio do seu novo mandato?

A questão da autorregulamentação vem sendo discutida há muito tempo pelos associados da ANJ e tomou ainda mais força após a queda da Lei de Imprensa. Mas é apenas mais uma resposta dos jornais à sociedade, que exige a liberdade de expressão. A defesa dessa liberdade continua sendo o nosso grande mote. Também vamos trabalhar para viabilizar a migração das mídias para novas plataformas digitais em modelos saudáveis e economicamente viáveis.

Essas novas mídias foram um dos principais temas do congresso deste ano. A senhora as vê como uma ameaça ou uma oportunidade?

É tanto um desafio quanto uma oportunidade. Nós temos de saber fazer essa transição, exigindo a devida remuneração por um conteúdo cuja produção exige muitos investimentos. Os jornais de credibilidade investem em um jornalismo profundo, investigativo. Isso tudo custa muito. Sem o devido reconhecimento por este conteúdo, não é possível um trabalho profundo.

Isso passa necessariamente por conteúdo pago na internet ou telefone, por exemplo?

Certamente. O que estamos discutindo são formas práticas de viabilizar isso: quanto do conteúdo deverá ser fechado e pago e quanto deverá ser aberto. Provavelmente não há receitas prontas. Cada jornal certamente terá de pensar em sua própria estratégia. Mas também é uma discussão conjunta do que acontece no mundo, de experiências de sucesso que ajudam a avançar nessa discussão.

A ameaça à democracia foi uma temor recorrente durante os painéis do congresso. Em que medida a senhora acha que ela está ameaçada? Qual o papel dos jornais nesse cenário?

Sem dúvida, vivemos hoje uma situação de democracia no país como nunca se viu. Estamos em processo de consolidação, mas ela é bem-sucedida até o momento. Apesar disso, também temos visto experiências de censura prévia, muitas vezes derivadas de decisões judiciais. O papel da ANJ tem sido esse: defender prontamente a liberdade de expressão.

Na sua participação no congresso, o candidato José Serra fez uma dura crítica ao atual governo, acusando-o de cercear a imprensa. A senhora concorda que a imprensa foi cerceada?

Acredito que até temos alguns grupos que, em certas ocasiões, propõem medidas que poderiam ser entendidas como agressivas à mídia, tais como o Conselho Nacional de Jornalismo e outros. Mas acredito que a sociedade brasileira, por outro lado, é resistente, é complexa, e soube resistir muito bem a essas tentativas. A ANJ também tem tido um papel fundamental nesta defesa. (CS)

Fonte: Gazeta do Povo

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Pagos para navegar no Orkut

A febre das redes de relacionamento fez surgir o analista de mídia social, cuja missão é verificar o desempenho de marcas e empresas na web

Publicado em 25/08/2010 - Breno Baldrati
5 horas é o tempo gasto, em média, pelo internauta brasileiro nas redes sociais todos os meses.
Segundo o estudo da consultoria Nielsen, 86% dos usuários do país frequentam esses sites
A necessidade das empresas em influenciar o debate sobre suas marcas nas redes sociais abriu espaço para o surgimento de um novo profissional: o analista de mídia social. Oriundos principalmente dos cursos de comunicação, eles atuam na web produzindo e distribuindo conteúdo, conversando com clientes e monitorando o que é dito sobre as empresas para as quais atuam.

A jornalista Frances Baras é uma que entrou nesse mercado. Ela começou a trabalhar como especialista em redes sociais há 7 meses na Magic Web, empresa curitibana que desenvolve soluções nas áreas de internet e multimídia. Entre as contas da agência, estão empresas como Trainer Assessoria Esportiva, Jasmine Alimentos e Vimo Vídeo Foto, que terceirizam o serviço de mídia social para a Magic. “O trabalho consiste em cuidar das contas dessas empresas nas redes sociais, mas também vai bem além disso. Discutimos temas que podem ser usados nos blogs dos clientes e conversamos com o pessoal da área de otimização para publicar o conteúdo de maneira a dar o máximo de visualização para a marca”, conta ela, que muitas vezes também atua como “ponte” entre consumidor e empresa. “Monitoramos o que está sendo dito e repassamos as dúvidas aos departamentos específicos. Depois, damos o feedback ao usuário.”

Outras empresas optam por “internalizar” o funcionário, como O Boticário. A fabricante de cosméticos conta com um profissional exclusivamente dedicado às redes sociais, mais um grupo de suporte de 10 pessoas para monitorar a web. “O profissional é responsável por avaliar e monitorar o movimento das redes sociais com relação à marca Boticário e aos produtos. O trabalho também visa identificar oportunidades para desenvolver ações estratégicas, estreitar relacionamento com o consumidor, difundir conteúdo de lançamentos, e ainda, obter retorno do consumidor em relação a produtos do Boticário”, diz Renato Vertemati, coordenador de Serviços de Marketing do Boticário.

Mercado

“Esse é um mercado gigantesco, com muito potencial”, diz Joyce Jane, CEO do iDigo – Núcleo de Inteligência Digital, que oferece capacitação em novas tecnologias, com foco no universo corporativo. O Brasil, segundo estudo feito pela consultoria Nielsen, é o país mais conectado em redes sociais. Mais de 85% dos usuários brasileiros passam em média cinco horas por mês nesses sites.

“A consolidação da voz do consumidor faz com que as empresas tenham de se adaptar. O consumidor eliminou o intermediário. Ele não quer mais esperar a boa vontade de um SAC. O pessoal da nova geração é cada vez mais digitalizado, eles gostam e atuam nas rede sociais, e esse movimento só vai se fortalecer”, afirma Joyce.

Para ela, quem quer entrar nesse mercado precisa entender que a atualização e a “reciclagem” profissional é constante. “É preciso se manter o tempo todo um grande estudioso dessa nova comunicação e tem de ser antenado no que está acontecendo. As redes sociais são um caminho que evolui numa rapidez absurda, e a produção de conhecimento na área, com novas plataformas e ferramentas para interagir, é enorme. Então esse profissional precisa ser humilde e reconhecer que não vai estar pronto nunca. É uma atualização constante”, diz.

Entender os mecanismos para aumentar a audiência dos clientes é a dica de Antonio Borba, diretor comercial da Magic Web. Segundo ele, as empresas buscam um analista de rede social especialmente para aumentar sua influência nas ferramentas de busca. “As empresas querem maior visibilidade no Google. O analista precisa saber espalhar o nome da marca, aumentando sua relevância.”

Ensino

Número de cursos na área cresce
A demanda das empresas por profissionais para atuar nas mídias sociais criou uma nova oferta de cursos na área. Neste semestre, a iDigo – Núcleo de Inteligência Digital, deve lançar cinco programas de especialização em redes sociais em Curitiba. No Rio de Janeiro, onde atua, a iDigo oferece cursos como “Redes sociais para os negócios”, “Redes sociais para Recursos Humanos”, “Como utilizar métricas na gestão do seu negócio” e “Estratégias de comunicação para Mobile”. A CEO da empresa, Joyce Jane, diz que a programação para Curitiba ainda não está fechada, mas o primeiro curso deve ocorrer no fim de setembro.

Também na capital, a Lemon Escola de Criatividade oferece um curso intitulado “Mídia e estratégias digitais”, com professores de várias agências de publicidade do país, como Leo Burnett e McCann.

Em São Paulo, as agências Colmeia, Cubocc e Livead, referências no mercado de comunicação digital, se juntaram à escola gaúcha Perestroika para lançar o curso “A Missa”, que começa no mês que vem. Cada módulo contará com aulas de profissionais de uma das agências. O curso será sempre aos sábados, até dezembro. “Não é um curso que se limita às redes sociais. É claro que vai discutir as ferramentas da web, mas vai além: quer discutir também as estratégias por trás do uso das redes sociais”, diz Tiago Mattos, sócio-diretor da Perestroika.

Serviço:

iDigo: http://www.idigo.com.br/
Lemon School: http://www.lemonschool.com.br/
A Missa: http://www.amissa.com.br/

Tiago Mattos, sócio-diretor da Perestroika responde algumas questões sobre mídia social

As empresas devem manter uma presença ordinária na internet – um relacionamento genuíno com sua audiência, sem ser “sanguessuga”. A opinião é do publicitário Tiago Mattos, sócio-diretor da Perestroika, uma escola de atividade criativa com cursos voltados à comunicação, com sede em Porto Alegre.
Leia a entrevista completa

Fonte: Gazeta do Povo

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sayonara, jornal? Não tão cedo

Revista Exame – Negócios Globais – 11/08/2010 – Pág. 72 a 74
 Fundado no Japão em 2003 por Ken Takeuchi, jornalista que já foi prefeito de Kamakura, estância turística próxima à capital Tóquio, o jornal online JanJan News tornou-se uma das mais recentes vítimas da crise mundial no país. No início de 2010, Takeuchi viu-se obrigado a limitar o site a um simples blog de conteúdo administrado apenas por ele próprio, de sua casa. A ideia inicial de criar um espaço aberto à publicação de notícias pelos próprios leitores teve de ser abandonada. O JanJan News contava com um escritório era Tóquio e algumas dezenas de funcionários e havia chegado a 8 000 usuários cadastrados como "cidadãos-repórteres". Sua audiência era de respeitáveis 10 milhões de visualizações por mês, mas o empreendimento nunca conseguiu estabelecer um fluxo de caixa estável. Com a queda nas receitas dos anúncios durante a crise, a empresa já não conseguia mais cobrir os custos de operação, de cerca de 1 milhão de dólares anuais, e entregou os pontos. O JanJan representava um dos poucos sites de conteúdo jornalístico exclusivo para a web num país que tem altíssimos índices de acesso à internet e é sempre associado ao que há de mais moderno em tecnologia digital. "O Japão ainda não está pronto para aceitar o surgimento de novas e múltiplas fontes de notícias, especialmente na internet", disse Ken Takeuchi em entrevista ao The New York Times.

O fracasso da empresa — pequena quando comparada a iniciativas semelhantes em outros países e minúscula em relação às principais companhias que controlam mídias tradicionais no Japão — é sintomático do cenário que caracteriza a indústria jornalística da terceira maior economia mundial. O Japão é o único do grupo de países desenvolvidos em que o jornalismo impresso ainda não enfrenta de maneira tão intensa o impacto da internet nas vendas. De acordo com

O mais recente relatório da Associação Mundial de Jornais, sediada em Paris, o Japão disponibilizou na rede pouco mais de uma centena de jornais nos últimos anos. Nos Estados Unidos, há mais de 1 700 sites de notícias. A maioria dos jornais japoneses online é tratada como um produto secundário pelas empresas que publicam os diários. Em muitos casos, somente parte do conteúdo da edição em papel vai para a internet. Por outro lado, cinco dos dez maiores jornais do mundo em circulação diária são japoneses. Mais de 10 milhões de exemplares do conservador Yomiuri Shimbun são folheados diariamente no Japão, volume mais de três vezes superior à circulação do tablóide inglês The Sun. Como nos Estados Unidos e na maior parte da Europa, o volume de diários distribuídos no Japão está diminuindo, mas num ritmo bem mais lento. Na última década, enquanto a circulação do Yomiuri Shimbun caiu 4%, a do tablóide alemão Bild caiu 28%, e a do The Sun. 12%. "As editoras de jornais aqui também estão preocupadas com a tendência de queda e a necessidade de adaptar seu modelo de negócios, mas, enquanto o mundo não bolar uma alternativa viável para ganhar dinheiro com jornalismo na internet, elas vão estender ao máximo seu foco nos impressos", diz Kaori Hayashi, professora de jornalismo na Universidade de Tóquio.

A TAXA DE 99% DE ALFABETIZAÇÃO da população japonesa ajuda a explicar o sucesso duradouro dos jornais. Mas existem outros fatores. Os conglomerados de mídia criaram sofisticados sistemas de distribuição desde o início do século 19 que cobrem toda a extensão do arquipélago. Cerca de 95% dos jornais vendidos no país chegam aos leitores por meio de assinaturas, e cada família recebe ao menos um título todos os dias. O Asahi Shimbun, segundo maior jornal do país, com circulação diária de 8 milhões de exemplares, conta com mais de 70000 pessoas trabalhando em mais de 2600 pontos de distribuição. "Os jornais são como a eletricidade ou a água, que chegam às casas automaticamente", diz Kaori. Outra característica que protege a indústria é o envelhecimento da população. A questão demográfica representa um dos mais graves desafios para a economia japonesa. Do ponto de vista desse negócio, no entanto, o fato de o país contar com uma parcela crescente de adultos e idosos, habituados a ler o formato tradicional dos periódicos, ajuda a explicar boa parte da resistência do modelo atual e das projeções de vendas por mais alguns anos.

Com uma relativa segurança proporcionada pelos hábitos da população e pelas receitas garantidas das vendas das edições empapei, as empresas japonesas de notícias pisam o terreno da internet com muito mais cautela que suas pares ocidentais. Em abril, o Nikkei, principal jornal econômico do país. começou um experimento em sua versão online. O diário proibiu até mesmo que outros sites pudessem dar um link para suas reportagens. As opiniões sobre a experiência se dividiram entre os que acham que o jornal simplesmente não entende o propósito amplo e interativo da internet e os que viram a medida como uma estratégia inteligente para manter a fidelidade dos leitores às edições impressas.

Numa entrevista recente ao Financial Times, o presidente do Asahi Shimbun, Kotaro Akiyama, disse que ainda não tem planos definidos de aumentar a presença na intemet. Mas ele afirmou também estar observando atentamente os movimentos de colegas como Rupert Murdoch. O australiano, dono do conglomerado News Corp., cobra pelo acesso a boa parte do conteúdo online do Wall Street Journal e recentemente fechou completamente o acesso ao The Times, um dos maiores jornais londrinos - agora só quem tem assinatura pode ler o site. Mas o conservadorismo dos grandes grupos da mídiajaponesa não pode durar para sempre. É conhecida a dedicação dos japoneses a seus telefones celulares e a tudo o que diz respeito a tecnologia. Um levantamento feito em 2009 pelo centro de pesquisa Shimbun Tsushin Chosakai afirma que 60% dos jovens na casa dos 20 anos e quase 50% em seus 30 anos utilizam a intemet como fonte de notícias. Além disso, de acordo com dados da Dentsu, maior agência de publicidade do Japão e uma das maiores do mundo, em 2009 os gastos com anúncios na internet no país totalizaram 8,1 bilhões de dólares, superando pela primeira vez o montante destinado aos jornais impressos. (Os sites de notícias ficaram com cerca de 3 bilhões de dólares.) Ou seja: pode não ser a hora de dizer sayonara ao papel — mas com certeza é bom dar as boas-vindas à internet com um sonoro irashaimase.

Fonte: APJ - Associação Paulista de Jornais

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Segredos dos usuários são a nova mina de ouro da web

Julia Angwin, The Wall Street Journal
04/08/2010

Escondido dentro do computador de Ashley Hayes-Beaty, um minúsculo arquivo ajuda a acumular detalhes pessoais sobre ela, e tudo isso será colocado à venda por um vigésimo de centavo.

O arquivo consiste em um único código - 4c812db292272995e5416a323e79bd37 - que secretamente a identifica como uma mulher de 26 anos, da cidade americana de Nashville, Tennessee.

O código sabe que alguns de seus filmes favoritos são "A Princesa Prometida", "Como Se Fosse a Primeira Vez" e "10 Coisas que Eu Odeio em Você". Sabe também que ela gosta da série "Sex and the City". E ainda que navega por notícias de entretenimento e gosta de testes de conhecimento geral.

"Bem, eu gostaria de pensar que ainda existe algum mistério em mim, mas aparentemente não!", disse Hayes-Beaty quando lhe contaram o que o pedacinho de código revela sobre ela. "O perfil é assustadoramente correto."

Hayes-Beaty está sendo monitorada pela Lotame Solutions Inc., empresa de Nova York que usa um software sofisticado chamado de "beacon" para capturar o que as pessoas estão digitando em um site de internet -seus comentários sobre filmes, digamos, ou seu interesse por gravidez e informações para pais. A Lotame empacota esses dados em perfis, sem identificar o nome da pessoa, para empresas que estão em busca de clientes. Os gostos de Hayes-Beaty podem ser vendidos no atacado (um pacote de apreciadores de filmes custa US$ 1 por milhar) ou customizado (jovens de 26 anos que moram no sul dos Estados Unidos e gostam de "Como Se Fosse a Primeira Vez").

"Você pode segmentar tudo até chegar a uma só pessoa", diz Eric Porres, diretor de marketing da Lotame.

Uma investigação do Wall Street Journal descobriu que um dos negócios que mais crescem na internet é o de espiar os usuários.

O WSJ realizou um estudo abrangente que avalia e analisa o vasto conjunto de cookies e outras tecnologias de vigilância que as empresas estão usando para seguir os passos dos internautas. O estudo revela que o acompanhamento dos consumidores se tornou ainda mais dominante e mais intrusivo do que todos, com exceção de algumas poucas pessoas na vanguarda da indústria, imaginam.

  • O estudo descobriu que os 50 principais sites dos EUA instalaram uma média de 64 peças de tecnologia de rastreamento nos computadores dos visitantes, sem nenhum alerta. Uma dúzia de sites instalaram mais de 100. A Wikipédia, que não tem fins lucrativos, não colocou nenhum.
  • A tecnologia de rastreamento está se tornando mais inteligente e mais intrusiva. O monitoramente costumava ser limitado principalmente aos "cookies" que registram as visitas das pessoas aos websites. Mas o WSJ encontrou novas ferramentas para escanear em tempo real o que as pessoas estão fazendo numa página de internet e, aí, determinar a localização, renda, interesses de compra e até mesmo estado de saúde. Algumas ferramentas secretamente se refazem, mesmo depois de o usuário ter tentado apagá-las.
  • Os perfis de pessoas, constantemente atualizados, são comprados e vendidos em mercados que surgiram nos últimos 18 meses e se assemelham a bolsas de valores.

As novas tecnologias estão transformando a economia da internet. No passado, os anunciantes basicamente compravam espaço publicitário em páginas específicas da internet - um anúncio de carro num site de carros. Agora, os anunciantes estão pagando um ágio para seguir as pessoas na internet, onde elas forem, com mensagens de marketing muito específicas.

Entre o usuário da internet e o anunciante, o WSJ identificou mais de cem intermediários - empresas que coletam os dados, corretores de dados e redes de anunciantes - que competem para suprir a crescente demanda por dados sobre comportamento e interesses individuais.

Os dados sobre os hábitos cinematográficos de Hayes-Beaty, por exemplo, estão sendo oferecidos a anunciantes na BlueKai Inc., uma das novas bolsas de dados.

"A maré está mudando em relação à forma como o setor funciona", diz Omar Tawakol, diretor-presidente da BlueKai. "Os anunciantes querem comprar acesso às pessoas, não páginas na internet."

O WSJ examinou os 50 sites mais populares dos EUA, que correspondem a 40% das páginas de internet que são vistas pelos americanos. (O Journal também testou seu próprio site, o WSJ.com.) Aí, analisou os arquivos de acompanhamento e programas que esses sites baixaram em um computador de teste.

Juntos, esses 50 sites colocaram 3.180 arquivos para coletar dados nos computadores de teste do WSJ. Quase um terço deles eram inócuos, usados para lembrar a senha de um site favorito ou identificar os artigos mais populares.

Mas mais de dois terços - 2.224 - foram instalados por 131 empresas, muitas das quais estão no negócio de seguir os usuários da internet e criar um rico banco de dados com perfis de consumidores que podem ser vendidos.

O principal local para tal tecnologia, descobriu o WSJ, é o Dictionary.com, da IAC/InterActive Corp. Uma visita ao dicionário on-line resultou no download de 234 arquivos ou programas no computador de teste de WSJ, sendo que 223 deles vieram de empresas que monitoram os usuários da internet.

A informação que as empresas coletam é anônima, no sentido de que os usuários de internet são identificados por um número designado ao seu computador, não pelo nome específico da pessoa. A Lotame, por exemplo, afirma que não sabe o nome de usuários como Hayes-Beaty - somente seus comportamentos e atributos, identificados por um código numérico. As pessoas que não querem ter seus passos seguidos podem ser removidas do sistema Lotame.

E o setor alega que os dados são usados sem prejudicar ninguém. David Moore, presidente do conselho da 24/7 RealMedia Inc., uma rede de anúncios da WPP PLC, informa que o rastreamento dá aos usuários da internet uma propaganda melhor.

"Quando um anúncio é propriamente focado, ele deixa de ser um anúncio, ele se torna uma informação importante", diz.

O monitoramento não é coisa nova. Mas a tecnologia está se tornando tão poderosa e onipresente que mesmo alguns dos maiores sites dos EUA afirmaram que não tinham conhecimento, até que foram informados pelo WSJ, de que estavam instalando arquivos intrusivos nos computadores dos visitantes.

O WSJ descobriu que o popular portal de internet da Microsoft, o MSN.com, plantou um arquivo recheado de dados: ele tinha a previsão da idade do internauta, código postal e sexo, além de um código com a estimativa de renda, estado civil, presença de crianças na casa e propriedade de imóveis, de acordo com a empresa de coleta de dados que criou o arquivo, a Targus Information Corp.

Tanto a Targus quando a Microsoft afirmaram que não sabiam como o arquivo tinha ido parar no MSN.com, e acrescentaram que a ferramenta não continha informações "pessoais identificáveis".

O rastreamento é feito por minúsculos arquivos e programas chamados de "cookies", "Flash cookies"e "beacons". Eles são colocados em um computador quando o usário visita o site. Os tribunais dos EUA decidiram que é legal usar o tipo mais simples, o cookie, assim como é legal uma pessoa que usa um telefone permitir que um amigo escute uma conversa. Os tribunais ainda não decidiram sobre os programas mais complexos.

O monitoramento mais intrusivo vem do que o setor chama de arquivo de acompanhamento de "terceiros". Eles funcionam assim: na primeira vez em que um site é visitado, ele instala um arquivo de acompanhamento, que atribui ao computador um número de identificação único. Mais tarde, quando o usuário visita um site ligado à mesma empresa de acompanhamento, ele pode tomar nota de onde o usuário esteve antes e onde está agora. Desta forma, a empresa pode construir um perfil robusto.

Informações sobre os pensamentos das pessoas e suas ações a cada momento, reveladas por sua atividade on-line, podem mudar de mãos rapidamente. Alguns segundos depois de uma visita ao eBay.com ou ao Expedia.com, é provável que informações detalhadas sobre a atividade do internauta sejam leiloadas na bolsa de dados gerida pela BlueKai.

Porta-vozes da eBay Inc. e da Expedia Inc. informam que os perfis são vendidos anonimamente e que as pessoas não são identificadas como visitantes dos seus sites. A BlueKai informa que seu próprio site dá aos consumidores uma maneira fácil de ver o que ele monitora sobre eles.

Os arquivos de rastreamento chegam aos websites, e são baixados para um computador, de várias maneiras. Muitas vezes, as empresas simplesmente pagam aos sites para distribuir seus arquivos de monitoramento.

Mas as empresas de rastreamento às vezes escondem seus arquivos dentro de software gratuito oferecido aos websites, ou os escondem dentro de outros arquivos de acompanhamento ou anúncios. Quando isso acontece, os sites não estão sempre cientes de que estão instalando os arquivos nos computadores dos visitantes.

O acompanhamento do consumidor é a base de uma economia de publicidade on-line que movimentou US$ 23 bilhões nos EUA no ano passado. A atividade de monitoramento está com crescimento explosivo. Pesquisadores dos AT&T Labs e do Instituto Politécnico Worcester encontraram no fim do ano passado tecnologia de rastreamento em 80% dos 1.000 sites mais populares, em comparação com 40% desses sites em 2005.

Espionar os usuários, o negócio da hora na rede

Julia Angwin, The Wall Street Journal
04/08/2010

Estudo revela que o acompanhamento dos consumidores se tornou mais dominante e invasivo do que todos imaginam

Uma investigação do Wall Street Journal descobriu que um dos negócios que mais crescem na internet é o de espiar os usuários.

O WSJ realizou um estudo abrangente que avalia e analisa o vasto conjunto de "cookies" e outras tecnologias de vigilância que as empresas estão usando para seguir os passos dos internautas. Ele revela que o acompanhamento dos consumidores se tornou mais dominante e invasivo do que todos imaginam - com exceção de algumas poucas pessoas na vanguarda da indústria.

O estudo descobriu que os 50 principais sites dos EUA instalaram uma média de 64 peças de tecnologia de rastreamento nos computadores dos visitantes, sem nenhum alerta. Uma dúzia de sites instalaram mais de cem dispositivos.

A tecnologia de rastreamento está se tornando mais inteligente e mais invasiva. O monitoramento costumava ser limitado principalmente aos "cookies " que registram as visitas das pessoas aos websites. Mas o WSJ encontrou novas ferramentas para escanear em tempo real o que as pessoas estão fazendo numa página da internet e, então, determinar a localização, renda, interesses de compra e até o estado de saúde. Os perfis das pessoas, constantemente atualizados, são comprados e vendidos em mercados que surgiram nos últimos 18 meses e se assemelham a bolsas de valores.

Fonte: Valor Online

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Uma esperança para o jornal em papel

Fernando Martins
Publicado em 21/07/2010 | fernandor@gazetadopovo.com.br

Caro leitor, saiba que muitos analistas dizem que você é um espécime em processo acelerado de extinção, caso esteja lendo este artigo na versão impressa da Gazeta do Povo. Para muitos, em pouco tempo ler textos no papel será tão antiquado como redigir cartas em máquina de escrever – ainda que essa modernidade não traga apenas benefícios, como pode aparentar.

Se o fim da informação em papel de fato se concretizar, com a migração integral do conteúdo para a internet, é possível que o mundo perca uma importante forma de perceber a realidade, ainda que as tecnologias digitais estejam abrindo outras modalidades de entrar em contato com o mundo ao nosso redor.

Ler é, afinal, um jeito de conhecer algo que não se sabia anteriormente ou de se lembrar de algo esquecido. E a plataforma em que se lê – um jornal, um livro, a tela de um computador ou o monitor de um celular – determina, ainda que não percebamos, a forma como assimilamos (ou não) os dados disponíveis. O fim do papel seria, portanto, a extinção de uma modalidade de percepção.

Um jornal, seja ele em papel ou na internet, é um conjunto hierarquizado de informações. Ambos têm uma capa que resume as notícias que os jornalistas daquele veículo consideram mais importantes.

Mas as semelhanças entre o pa­­pel e o on-line ficam por aí. O jornal impresso tem características altamente interessantes que parecem estar esquecidas diante de nosso fascínio pelas novidades trazidas pela internet: a rapidez da notícia, a interatividade e a possibilidade de reunir múltiplas mí­­dias em uma única (texto escrito, som e imagens em movimento).

Quem lê o jornal impresso não costuma ler apenas na capa – ao contrário do que muitos fazem na versão eletrônica. Vai virando páginas e entrando em contato, ainda que apenas pela leitura dos títulos das reportagens, com todas as notícias que os jornalistas daquele veículo consideraram importantes, sejam elas de seu interesse ou não.

Ou seja: o leitor do papel tende a estar mais informado do que o internauta, que não costuma clicar em todas as editorias on-line disponíveis. Em outras palavras, na web a pessoa normalmente procura apenas aquilo que a interessa. No papel, o leitor é forçado a saber mais.

A hierarquização das informações no jornal impresso também é mais intensa. Quem olha a versão em papel sabe de imediato quais são as notícias mais importantes apenas pela sua posição (no alto, no meio ou no pé das páginas). Também percebe que um texto é maior que outro – ou seja, que um profissional decidiu dar mais destaque a ele por achá-lo mais importante. Essa característica fica quase que completamente perdida na internet, pois a pessoa precisa clicar nos títulos das notícias para só então perceber o quão extensa (e relevante) é uma notícia.

Uma contracorrente de pensadores acredita que são justamente essas características que farão o jornal impresso sobreviver. De nada adianta haver quantidade de informação se ela não está altamente hierarquizada. Ou seja: precisamos de pessoas que interpretem dados, os organizem para nós e mostrem quais são os mais importantes. E, ao menos no campo das notícias, o papel ainda é a melhor forma de fazer isso.

Fonte: Gazeta do Povo

Adesivos de família são pouco perigosos

Fernanda Deslandes
Marco Charnerski

Adesivos de bonecos, que representam as pessoas amadas, viraram moda na traseira de carros por todo o País. Para algumas pessoas, esse tipo de desenho pode oferecer subsídios à criminalidade para tornar o dono do carro a próxima vítima de um roubo ou sequestro. Delegados atuantes em Curitiba garantem que não.

A dentista Juliana Borges colocou no carro os bonequinhos que representam ela e seu namorado. Mesmo assim, tem medo do que esses desenhos podem representar. “Ali você sabe quantos homens, mulheres ou crianças usam o carro. Uma pessoa de má fé que consiga esses dados pode fazer aquelas ligações fingindo sequestro. Se eu tivesse filhos, acho que não colocaria”, confessa.

O coronel Roberson Bondaruk, comandante da Academia Policial Militar do Guatupê, destaca perigo em alguns adesivos. Para ele, os adesivos mais perigosos não são os dos bonequinhos. “Os adesivos de academia, universidade ou até dos bonequinhos são mais genéricos, não apresentam tanto risco. O problema são os decalques com dizeres como “fulano à bordo’ ou “fulano e beltrana: amor eterno’, por que esses nomes podem ser utilizados por um delinquente interessado em forjar um sequestro, por exemplo”, garante.

Sem medo

Para tranquilizar quem já tem os adesivos no carro ou tem interesse de colar, o delegado Riad Braga Farhat, titular do Grupo Tigre, garante que essa moda não apresenta risco. “Os sequestros não acontecem de uma maneira tão simples. Todos os que atendemos tem um histórico de indicação de familiares ou ex-funcionários, e o sequestrador faz um estudo muito mais detalhado”, afirma.

De acordo com ele, para realizar um sequestro o criminoso precisa conhecer vários pormenores que os adesivos não são capazes de mostrar.

O delegado Luiz Carlos de Oliveira, titular do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), também acredita que os adesivos do carro não dão subsídios suficientes para incentivar um crime. “Dificilmente alguém vai se basear nos adesivos para cometer um roubo ou sequestro. Eles já existem há décadas e nunca acarretaram problemas”, afirma.

Fonte: Paraná Online

terça-feira, 20 de julho de 2010

Google será processado por manter páginas de apologia ao crime no Orkut

Redação Portal IMPRENSA

A Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro entrou com uma ação contra o Google, na última quinta-feira (15), que inclui 1.387 registros de crimes registrados pela Delegacia de Repressão a Crimes na Internet, que tratam sobre práticas de pedofilia, apologia às drogas e propaganda de facções criminosas. O alvo do processo seriam páginas da rede social Orkut, controlada pela companhia.

O Orkut é uma das redes de relacionamento mais populares no Brasil: 70% de seus usuários acessam o site em suas residências. Na ação contra o Google, os procuradores dão um prazo de 120 dias para que a companhia possa monitorar perfis e comunidades que façam apologia a atos criminosos e informar as autoridades sobre qualquer suspeita. Caso contrário, a empresa terá que pagar multa diária de R$ 100 mil e poderá ser obrigada a interromper o fornecimento do serviço.

De acordo com o jornal O Globo, o subprocurador-geral do Estado do Rio, Rodrigo Mascarenhas, declarou que a intenção não é censurar o site, e, sim, fazer com que a companhia desenvolva um sistema de busca que localize o usuário responsável pelo perfil, permitindo que ele seja retirado da internet.

Em nota, a assessoria do Google Brasil informou que os casos de uso indevido de seus serviços "são passíveis de denúncia pelos usuários", e que as normas de utilização de suas plataformas "estão claramente expressas nos respectivos sites". Até o momento, a empresa alega não ter sido notificada formalmente da decisão da Procuradoria-Geral e que "reafirma seu comprometimento com o respeito à legislação brasileira".

Fonte: Portal da Imprensa

domingo, 18 de julho de 2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

Google reinicia guerra dos navegadores da web

Por Nick Wingfield e Amir Efrati, WSJ

Anos atrás, o navegador de internet Firefox recriou um ambiente de forte competição entre os browsers, um mercado naquele momento dominado esmagadoramente pelo Internet Explorer, da Microsoft Corp. Agora, o Google Inc. está chacoalhando novamente o mercado de navegadores.

O navegador Chrome, do Google, alcançou em junho 7,24% do mercado global e é hoje o programa para surfar na Internet que cresce mais rápido, de acordo com dados da NetApplications.com, que acompanha o uso da web. O Google informa que o Chrome tinha mais de 70 milhões de usuários ativos em maio. Em junho de 2009, eram 30 milhões.

A terceira posição do Google no ranking de navegadores ampliou a influência da empresa na definição de padrões técnicos que moldam os sites da Internet e canalizam os usuários para sua ferramenta de buscas.

"O navegador é importante por causa da sua capacidade de direcionar o acesso a outros ativos", diz Sheri McLeish, analista da Forrester Research.

A determinação do Google de ganhar uma base nesse mercado mostra como os navegadores voltaram a se tornar importantes campos de batalha, uma vez que mais programadores de software estão transferindo para a Internet aplicativos ancorados em sistemas operacionais de PCs, como Windows e Macintosh.

O Google está tentanto aprofundar ainda mais a mudança com um novo sistema operacional chamado Chrome OS, feito a partir do navegador e projetado para rodar apenas software baseado na web. A expectativa é de que laptops com o Chrome OS, feitos por parceiros de hardware do Google, sejam lançados no fim do ano. "Quando a internet fica melhor, o Google tende a se beneficiar", diz Sundar Pichai, vice-presidente de desenvolvimento de produtos do Google.

A guerra dos navegadores do fim dos anos 90 entre a Microsoft e a Netscape Communications Corp. foi a primeira grande batalha da era da internet, terminando com uma série agressiva de conflitos nos tribunais de defesa da concorrência para a Microsoft e com o desparecimento da Netscape, que acabou sendo esquecida. O Internet Explorer saiu da batalha com uma fatia de mais de 90% do mercado de navegadores, até o surgimento do Firefox.

O Firefox é um browser de código aberto criado com a colaboração de programadores voluntários, supervisionados pela Fundação Mozilla, entidade sem fins lucrativos que surgiu de uma organização criada pela Netscape no fim da década de 90. O Firefox encontrou uma audiência receptiva, em parte por conta da proliferação de um código malicioso que explorou vulnerabilidades de segurança do Internet Explorer.


Foto: Dados do mercado de Browsers. (WSJ)Muitos consumidores passaram a ver o Firefox como uma alternativa inovadora e segura, o que ajudou o software a ganhar a segunda posição. O uso do navegador chegou a 24,7% em novembro, mas escorregou para 23,8% em junho, de acordo com a NetApplications.

A perda de fôlego foi provocada por sugestões de que o Chrome e outros navegadores estavam superando o Firefox em inovação. Em resposta a uma questão feita em maio no Quora, um site de discussões, sobre a capacidade do Firefox de manter a participação de mercado de dois dígitos em três ou cinco anos, Blake Ross, um cofundador do projeto Firefox, escreveu que estava "muito cético".

"Acho que a organização Mozilla gradualmente voltou ao seu padrão antigo de ser muito tímida, passiva e dirigida pelo consenso para conseguir lançar produtos de vanguarda rapidamente", escreveu Ross, hoje diretor de produtos do Facebook Inc. Ele não respondeu aos pedidos para detalhar seus comentários.

Dentro da mesma discussão, o diretor-presidente da Mozilla, John Lilly, disse estar confiante de que o Firefox vai manter sua participação no mercado de navegadores. Uma porta-voz da Mozilla se recusou a comentar o que foi escrito por Ross e se referiu à resposta de Lilly, que já anunciou planos de deixar o cargo.

Executivos da Mozilla tinham declarado anteriormente que o objetivo deles há muito é estimular a concorrência no mercado de navegadores e influenciar os padrões técnicos da Internet, e não aumentar fatia de mercado e receita. Mitchell Baker, presidente do conselho da Fundação Mozilla, disse que o atual ambiente competitivo para os navegadores "parece um sonho que se realizou".

Enquanto isso, o uso do Internet Explorer subiu para 60,32% em junho, ante 59,75% em maio, o primeiro aumento mensal para o software da Microsoft em quase um ano. A empresa está desenvolvendo uma nova versão do seu browser, o Internet Explorer 9.0, que poderá aproveitar melhor a capacidade de processamento dos PCs para produzir gráficos de web mais detalhados.

"A concorrência sempre nos dá um bom impulso para garantir que atendamos às necessidades dos nossos clientes", diz Ryan Gavin, diretor da Microsoft para o Internet Explorer.

Os esforços do Google para fazer um novo navegador — iniciados em 2006 — nasceram do temor de que os browsers já existentes não dariam suporte a seus serviços de internet ou fariam os usuários deixar de usar sua ferramenta de buscas. O navegador foi elogiado por alguns especialistas em tecnologia pela rapidez e segurança, mas também ganhou impulso com uma rara publicidade do Google — da sua página inicial a anúncios no metrô de Paris e comerciais de televisão.

Por Nick Wingfield e Amir Efrati.
The Wall Street Journal

Fonte: Zwelangola

“Empresas de comunicação apostam que leitores estão preparados para pagar pelo noticiário online”

O fim da era da internet gratuita
"A informação quer ser gratuita" é o refrão da internet há muito tempo. Quando um vídeo, uma música ou um artigo estão na rede, são mais difíceis de ser controlados do que uma sala cheia de gente curiosa.
Oferecer conteúdo gratuito para começar é um elemento básico para uma empresa. Mas como estratégia a longo prazo, "gratuito" não faz muito sentido: como criadores de conteúdo poderão continuar produzindo se não forem pagos? A publicidade é uma das maneiras de pagar as contas. Mas as companhias da internet ainda lutam para entender e avaliar o impacto dos anúncios online. Ao mesmo tempo, muitos anunciantes continuam céticos e questionam até que ponto poderão depender dele.
Tanto o setor de comunicação quanto o de entretenimento voltaram a experimentar planos de pagamento para conteúdo online. Algum dia, 2010 poderá ser lembrado como o ano em que as companhias acabaram com a ideia da internet "gratuita".
Atualmente, o Google tenta aplicar o YouTube Rental. O novo serviço permite que as companhias cobrem dos usuários para assistir a determinados vídeos, como programas de TV ou filmes. Os geradores de conteúdo também poderão tentar diferentes planos de pagamento para testar de que modo afetam as vendas.
O jornal britânico The Times, de propriedade da Rupert Murdoch"s News Corp, pretende estabelecer um preço que seria pago para a leitura de artigos - cerca de US$ 3 por semana, ou US$ 1,50 por dia. Para desestimular os que carregam o material gratuitamente, motores de busca como o Google serão impedidos de acessar o conteúdo.
O New York Times anunciou que planeja proteger a maior parte de seu conteúdo por um sistema de pagamento até certo ponto fácil de evitar. O jornal solicitará o pagamento depois que um leitor voltar ao site certo número de vezes por mês. Para atrair novos leitores, o jornal diz que os visitantes que chegam por intermédio de um motor de buscas ou de outro recurso sempre obterão acesso livre.
A revista The New Yorker pretende cobrar um pagamento único no fim do ano, segundo a revista Advertising Age. Mediante o pagamento de uma tarifa, os assinantes poderão ler a revista em todas suas formas - impressa, no iPad da Apple, no Amazon Kindle, e possivelmente em outros aparelhos de leitura eletrônicos - por um preço único, em lugar de ter de comprar o acesso a cada texto separadamente.
A Wired Magazine cobra US$ 4,99, o mesmo do preço da banca, para a leitura de uma edição no tablet do iPad. A versão inclui recursos interativos não disponíveis na edição impressa.
Parte dessa mudança tem a ver como trecho há muito esquecido da famosa citação "a informação quer ser gratuita". "A informação quer ser cara, por ser valiosa", disse o escritor Stewart Brand na Conferência dos Hackers, em 1984. "A informação certa no lugar certo pode mudar sua vida. Por outro lado, a informação quer ser gratuita, porque seu custo está baixando cada vez mais. Por isso elas brigam entre si".
De certo modo, somente a segunda parte pegou.
"A distribuição gratuita de conteúdo de qualidade para uma empresa equivale a jogar valor fora até falir", diz um recente relatório da Group M, agência de compra de veículos de informação da WPP, a gigante internacional da mídia e da publicidade. O relatório define as pessoas que usam os motores de busca para encontrar notícias ou informações de "turistas inúteis" que não pagam e não têm valor, mesmo para os anunciantes.
Outros não têm tanta certeza de que a internet tenha chegado ao ponto em que pode cobrar. "Vou fazer uma previsão", disse Arianna Huffington, criadora do famoso blog Huffington Post, em um recente painel que discutia o futuro do noticiário online. "Os sistemas de pagamento não funcionarão."
"Em termos históricos, os consumidores não se mostram dispostos a pagar pelo acesso eletrônico às notícias", escreveu Dave Morgan, empresário e especialista em publicidade online, em uma entrevista por e-mail. "É muito difícil montar empresas com assinatura pagas para a leitura do noticiário eletrônico. Não há muitos exemplos de sucesso entre as empresas por assinatura voltadas para quem procura noticiário digital."
O Wall Street Journal hoje cobra por grande parte do seu conteúdo de notícias, embora este possa ser acessado indiretamente por meio de um motor de busca ou por outros sites. Mas o Wall Street Journal é considerado uma exceção à regra, porque as assinaturas muitas vezes são pagas pelos empregadores, e não pelos indivíduos.
O New York Times abandonou uma primeira tentativa de cobrar parte de seu conteúdo, supostamente por ter constatado que a redução do número de leitores também reduz o atrativo para os anunciantes.
Uma diferença hoje talvez seja a explosão de telefones celulares, como os smartphones e os tablets. Com os celulares, "os clientes foram treinados a pagar por tudo, das mensagens de texto ao correio de voz e os minutos (do tempo de chamada)", diz Darren Tsui, CEO da mSpot, provedora de música para aparelhos móveis da Califórnia. "Pagar pelo conteúdo realmente não é tão estranho para eles, em comparação com os usuários da internet, que estão acostumados a ter tudo de graça."
Para Tsui, o iTunes da Apple constitui o modelo para a criação de conteúdo pago: oferecer um serviço importante gratuito e melhorá-lo progressivamente com recursos pagos. O iTunes começou como uma maneira de as pessoas organizarem suas próprias músicas. Mais tarde tornou-se uma maneira de comprarem as próprias músicas.
"É muito difícil conseguir que alguém que até agora não pagou por nada comece, de repente, a pagar US$ 10 por mês ", diz Tsui. "Se pudermos fazer esta transição bem devagar e de maneira metódica, acho que teremos mais chances de converter os usuários."
Os leitores nunca pagaram totalmente por seus jornais, ressalta o analista James McQuivery. A maior parte do custo e da publicação das informações sempre foi coberta pela publicidade. O mesmo se aplica à programação das antigas TVs e rádios.
Para McQuivery, os consumidores estão acostumados a pagar pelo "acesso" ao conteúdo por meio da TV a cabo, dos planos de internet e das contas do telefone móvel, em vez de pagar pelo conteúdo em si. A receita que vai para os criadores de conteúdo é menor. A parte maior vai para as distribuidoras.
Pam Horan, presidente da Associação das Editoras Online, é mais otimista quanto ao pagamento pelo conteúdo digital.
O fato de os proprietários de smartphones e de iPad pagarem por aplicativos, como jogos ou material de leitura, é o primeiro indicador de que os americanos pagarão pelo conteúdo que venha com um pacote atraente, diz Pam.
"O segredo é não oferecer apenas conteúdo interessante, também novas experiências", diz Horan em um e-mail. "O iPad tem tudo isto - o impacto visual do papel, melhorado pelos elementos interativos como vídeo e as ferramentas de integração com as mídias sociais." / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA (transcrito do Estado de São Paulo, edição de domingo dia 11/07/2010)

Fonte: Jornal Umuarama Ilustrado

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Presidente do Google diz que leitura de notícias por meios digitais é iminente

O presidente-executivo do Google, Eric Schimidt, afirmou na última terça-feira (6), em uma conferência, que a leitura de notícias vai migrar para aparelhos digitais mais rápido do que se imagina, informou a Folha de S.Paulo.

Schimidt disse também que a novo formato terá textos, cores e vídeos e vai permitir uma relação mais personalizada com o leitor, de acordo com os interesses desse. "Hoje temos leitores, mas não é inteligente o suficiente. Jornais geralmente me informam coisas que eu já sei", disse.

De acordo com ele, os jornais estão enfrentando um desafio porque estão trocando dólares de papel por centavos digitais e muita gente está perdendo o emprego com isso.

Fonte: Portal da Imprensa

CNC contesta lei paranaense que instituiu quatro faixas de pisos salariais para trabalhadores

A Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4432) contra uma lei paranaense que instituiu quatro faixas de pisos salariais para os trabalhadores daquele estado.

De acordo com a CNC, a Lei 16.470/2010 foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Paraná e sancionada pelo governador do estado, mas contraria a Constituição Federal. Isso porque o artigo 7º da Constituição diz que o piso salarial deve ser proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.

No caso da lei paranaense, a CNC sustenta que os valores foram fixados de forma totalmente aleatória, sem qualquer critério vinculado à complexidade do exercício da profissão.

Os salários foram divididos pela lei em quatro grupos. O primeiro abrange os técnicos de nível médio, com salário de R$ 765,00. O segundo grupo é formado por trabalhadores da produção de bens e serviços industriais e passaria a receber R$ 714,00. O terceiro seria formado por trabalhadores de serviços administrativos, vendedores do comércio e lojas e mercados e trabalhadores de reparação e manutenção, e receberiam R$ 688,50. Por último, o quarto grupo receberia R$ 663,00 e seria formado por trabalhadores de atividades agropecuárias, florestais e da pesca.

Para a confederação, no entanto, não é possível estabelecer que mais de 130 categorias profissionais incluídas em uma única faixa salarial desenvolvam atividades com a mesma extensão e a mesma complexidade.

A confederação diz que, para “a estipulação dos pisos salariais de atividades devidamente representadas, faz-se necessária a negociação coletiva, seja convenção ou acordo, pois, somente os atores sociais que participam desses instrumentos coletivos, dispõem dos elementos necessários para poder estipular os devidos valores de pisos para aquela categoria de trabalhador”.

Argumenta que a situação pode levar à falência os pequenos municípios do Paraná, além de causar impacto negativo nos “parcos postos de trabalho que ali se encontram”. Por isso, a CNC também afirma que a lei viola o princípio constitucional da busca do pleno emprego, garantido pelo artigo 170 da Constituição.

Além disso, invoca o artigo 8º da Constituição para afirmar que houve desrespeito ao princípio da autonomia sindical. Isso porque o dispositivo desvincula as entidades sindicais de qualquer intervenção do poder público e da ingerência estatal na organização sindical.

Na opinião da Confederação, a lei estadual gera efeito concreto no poder de atuação e invade a competência dos sindicatos para defender os interesses coletivos ou individuais da categoria por eles representada.

A Confederação diz que é necessária uma liminar para suspender a eficácia da lei, pois há o risco de se consolidar prejuízo irreparável na aplicação dos pisos salariais. No mérito, pede a declaração definitiva da inconstitucionalidade da norma paranaense.

O relator da ação é o ministro Dias Toffoli.

CM/CG//RR

Fonte: Portal STF