terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sabonete líquido: hidratação em gotas

A tecnologia na fabricação dos sabonetes evoluiu muito nas últimas décadas. Eliminar o excesso de óleo e suor produzido pelas glândulas ainda é a principal função do produto que também é utilizado para hidratar, proteger a pele e retirar as células mortas, combater acne entre outras. Para todas essas finalidades o consumidor encontra muitos sabonetes no formato de barras ou líquidos, de marcas, cores, cheiros, texturas e preços diferenciados. Diante de tanta variedade, os especialistas recomendam os sabonetes líquidos e neutros.

A esteticista Neuza Vasconcelos orienta que limpeza e hidratação são os cuidados básicos exigidos por qualquer tipo de pele. Para ela os sabonetes ditos ''neutros'' são os mais indicados para manter a limpeza, hidratação e lubrificação da pele. As mais oleosas, geralmente, necessitam de uma limpeza mais eficiente e hidratação leve, enquanto as secas requerem uma limpeza suave e hidratação intensa. ''Levando-se em conta todos os fatores externos, condições climáticas e características da pele, escolha seu sabonete de acordo com o benefício que ele oferece'', recomenda.

De acordo com a dermatologista Cristina Maria Aranda, os sabonetes líquidos promovem uma melhor hidratação, além de limpar e remover as impurezas da pele, e protegê-la das agressões do meio ambiente - como o frio e a poluição - por conta do método de fabricação. ''É muito mais fácil agregar um número maior de ingredientes como hidratantes aos sabonetes líquidos, que também, em sua maioria, possuem um pH mais próximo ao da pele, que fica em torno de 4,5 e 6. Já os sabonetes em barra, devido ao processo de saponificação, possuem um pH mais básico, acima de 7'', afirma.

A médica esclarece que os sabonetes líquidos são fabricados por meio de um único procedimento através da mistura de emolientes, corantes, hidratantes e perfumes. Já a base para os sabonetes em barra é obtida através da reação de gorduras vegetais ou animais com soda cáustica, processo conhecido como saponificação. Após essa etapa são adicionados conservantes, corantes e o produto é prensado.

Neuza Vasconcelos também recomenda o uso de sabonete líquido e acredita que eles são mais higiênicos, práticos e econômicos. ''O desperdício do sabonete líquido é muito menor. Colocamos nas mãos uma quantidade pequena e distribuímos pelo rosto e pelo corpo. A durabilidade também é maior, porque na forma líquida, o produto não fica ressecado, como é comum no sabonete em barra. Além disso, a embalagem do líquido é mais eficiente na prevenção de contaminação por bactérias'', comenta.

No entanto, a maioria dos consumidores escolhe o sabonete em barra na hora de comprar. A manicure Renata Cristina Alexandre diz que o preço não influencia na decisão. ''Tenho a impressão de que o produto em barra é melhor na remoção da sujeira. Acho que é uma questão de hábito, de sempre usar o sabonete em barra. Utilizo o sabonete líquido apenas na pia do banheiro e para lavar o rosto'', comenta. A advogada Franciella Sachi Malassise prefere o sabonete em barra até mesmo para lavar o rosto e acredita que o produto também é econômico. ''Um sabonete acondicionado em uma saboneteira com tampa dura até seis meses. Utilizo o produto para tratar de acne e manchas na pele e estou muito satisfeita com o resultado'', diz.

A origem

Em 600 a.C. os fe­ní­cios de­ram ori­gem ao sa­bão. ­Eles ti­nham o cos­tu­me de fer­ver ­água com ba­nha de ani­mal e cin­zas de ma­dei­ra pa­ra fa­bri­car um sa­bão pas­to­so. Es­se pro­du­to che­gou à ver­são só­li­da ape­nas no sé­cu­lo 7, quan­do os ára­bes des­co­bri­ram o pro­ces­so de sa­po­ni­fi­ca­ção – com­bi­na­ção de ­óleos na­tu­rais, gor­du­ra ani­mal e so­da cáus­ti­ca, que de­pois de fer­vi­da en­du­re­ce. Os es­pa­nhóis apren­de­ram a li­ção com os ára­bes e acres­cen­ta­ram ­óleo de oli­va à mis­tu­ra, que dei­xou o sa­bão com um chei­ro ­mais sua­ve. Nos sé­cu­los 15 e 16 vá­rias ci­da­des eu­ro­peias se de­di­ca­ram a pro­du­zir es­se ar­ti­go de hi­gie­ne e lim­pe­za. Mar­se­lha (Fran­ça) e Sa­vo­na (Itá­lia) tor­na­ram-se cen­tros pro­du­to­res de sa­bão e sa­bo­ne­te. Foi a ci­da­de de Sa­vo­na que ins­pi­rou a cria­ção do ter­mo sa­von (sa­bão) pe­los fran­ce­ses e tam­bém do seu di­mi­nu­ti­vo sa­vo­net­te (sa­bo­ne­te).

Artesanais ganham mercado

De acor­do com da­dos di­vul­ga­dos re­cen­te­men­te, a ven­da de bar­ras ar­te­sa­nais tor­nou-se um ne­gó­cio lu­cra­ti­vo no Bra­sil. A pro­du­ção ar­te­sa­nal dei­xou de ser uma ex­clu­si­vi­da­de dos es­tan­des de fei­ra hip­pie pa­ra se tor­nar um ar­ti­go de lu­xo. Exis­tem bar­ras de sa­bo­ne­tes ar­te­sa­nais que cus­tam até R$ 25. Um le­van­ta­men­to rea­li­za­do pe­lo Se­brae es­ti­ma que exis­tem no Bra­sil 1,5 mil ne­gó­cios que têm a ven­da de sa­bo­ne­tes em bar­ra co­mo car­ro-che­fe. A quan­ti­da­de de em­preen­de­do­res que se de­di­cam à fa­bri­ca­ção do pro­du­to é 40% ­maior do que cin­co ­anos ­atrás.

Aná­lia Pe­rei­ra Fros­sard é quí­mi­ca e re­sol­veu in­ves­tir em um ne­gó­cio pró­prio re­la­cio­na­do ao mer­ca­do de hi­gie­ne e be­le­za. Ela é pro­prie­tá­ria da lo­ja Ar­te e Chei­ro, em Lon­dri­na, que ofe­re­ce cur­sos gra­tui­tos pa­ra fa­bri­ca­ção de pro­du­tos ar­te­sa­nais, ­além de co­mer­cia­li­zar al­guns ­itens. Se­gun­do a quí­mi­ca, ­além de apren­der a con­fec­cio­nar o sa­bo­ne­te em bar­ra, as clien­tes tam­bém es­tão se in­te­res­san­do ca­da vez ­mais pe­los sa­bo­ne­tes lí­qui­dos. O cus­to fi­nal pa­ra ­quem pro­duz che­ga a ser um ter­ço me­nor em re­la­ção ao va­lor pra­ti­ca­do pe­lo mer­ca­do. Pa­ra pro­du­zir cin­co li­tros de sa­bo­ne­te o pre­ço é de R$ 17,50.A re­cei­ta que Aná­lia Pe­rei­ra Fros­sard en­si­na é sim­ples. ‘‘Mis­tu­ra­mos um li­tro de uma ba­se pró­pria pa­ra a fa­bri­ca­ção de cos­mé­ti­cos que con­têm gli­ce­ri­na, es­sên­cia e an­fó­te­ro, um óxi­do que ser­ve pa­ra man­ter a vis­co­si­da­de do pro­du­to. Tam­bém po­de­mos acres­cen­tar ­água des­mi­ne­ra­li­za­da ou deio­ni­za­da, que evi­ta a oxi­da­ção da es­sên­cia e au­men­ta a va­li­da­de do ­produto’’, en­si­na.

A quí­mi­ca afir­ma que o ­ideal é que as pes­soas par­ti­ci­pem de cur­sos an­tes de ten­tar fa­zer em ca­sa, pa­ra apren­der a ma­ni­pu­lar os in­gre­dien­tes, que pas­sam por rea­ções quí­mi­cas. Há no mer­ca­do cen­te­nas de es­sên­cias, in­clu­si­ve de per­fu­mes co­nhe­ci­dos. ­Além de apren­der a con­fec­cio­nar sa­bo­ne­tes pa­ra con­su­mo pró­prio, a maio­ria in­ves­te na apren­di­za­gem pa­ra fa­bri­car e ven­der os pro­du­tos pa­ra au­men­tar a ren­da ou sim­ples­men­te pa­ra ofe­re­cer um pre­sen­te per­so­na­li­za­do.

Giovana Chiquim - Especial para Folha

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