sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Tecidos reciclados viram bolsas

Curitiba - Jaquetas, saias, calças, blusas, tecidos de sofás e poltronas de ônibus, forro de Fusca e Fiat 147, tela de tênis. Nas mãos da estilista Elyane Fiuza tudo isso pode ser transformado em bolsas e carteiras de diferentes tamanhos e estilos. Através do site da profissional, chegam encomendas de diversas partes do Paraná e São Paulo. Ela se especializou na arte de transformar materiais usados em acessórios, e o trabalho faz sucesso entre as mulheres. Agora Elyane começa a desenhar peças para os homens, como cintos e bolsas.

A moda está na vida da estilista há 15 anos. Natural de Paranavaí, mas atualmente morando em Curitiba, Elyane começou com uma confecção de roupas, ao mesmo tempo que dava aulas para cursos de graduação. Há oito anos acabou se especializando em bolsas, por ver que o mercado estava em crescimento. ''Tenho uma cliente que, antes de ir a um casamento, primeiro escolhe a bolsa. A partir disso decide o vestido que vai usar'', explica. O mercado cresceu tanto que não é difícil encontrar lojas que vendem exclusivamente bolsas.

O primeiro acessório feito com material usado foi uma bolsa originada de uma calça da marca importada Fendi. ''A peça era linda mas não me caiu bem. Como o brim era bonito, virou bolsa''. Elyane desenhou a peça no papel e depois no papelão. Em seguida levou para uma costureira que fabricou o modelo, incluindo as ferragens, como zíper, correntes e medalhões. Este continua sendo o procedimento para a confecção dos acessórios.

Com o tempo, as amigas descobriram suas criações e os pedidos foram chegando. Como a estilista já lançava coleções de bolsas com material novo, não foi difícil formar a clientela do acessório reciclado. Só no ano passado, uma das clientes comprou cinco bolsas diferentes.

O diferencial dos acessórios feitos por Elyane é a exclusividade do produto. Ela não faz duas bolsas iguais nem produz cópias de acessórios já existentes de outras marcas. Além de ser criação própria, a cliente tem a certeza que não encontrará peça igual por aí. ''Esse é um dos principais motivos da fidelização das clientes. Elas não querem ir em uma festa e encontrar outra mulher com a mesma bolsa'', conta.

Pode ser de couro, seda, tecido de sofá e até neoprene (material para roupas de surfe). Tudo vira bolsa. ''O que faço é retardar o processo de jogar o material fora'', explica. E parece que a tendência de jogar a atenção nas bolsas vai aumentar ainda mais. ''Nesta década, o acessório vem muito forte. As pessoas vão usar roupas mais simples e ousar nas bolsas'', avisa Elyane.

A fabricação quase artesanal das peças justifica o preço pago por cada uma delas. Os valores variam bastante. Bolsas pequenas custam entre R$ 80 e R$ 120. Além de avaliar o material usado enviado pelo cliente, é necessário ver as costuras e cortes para decidir qual será o modelo da bolsa. Depois disso ainda há o custo da costura e dos acessórios utilizados. Todas as peças são entregues com o símbolo da marca: uma etiqueta de metal com o sobrenome da estilista. Os pedidos são entregues em aproximadamente 10 dias.

Criações atraem clientes 
El­ya­ne é a prin­ci­pal mo­de­lo da mar­ca. Ela só sai de ca­sa com uma de ­suas cria­ções a ti­ra­co­lo. E is­so já re­sul­tou em ­bons ne­gó­cios. ‘‘Um dia es­ta­va pas­sean­do no shop­ping e uma mu­lher me abor­dou per­gun­tan­do em que lo­ja eu ha­via com­pra­do a bol­sa. Quan­do fa­lei que eu mes­ma ti­nha fei­to a pe­ça e não ha­via ou­tra ­igual ela não me dei­xou ir em­bo­ra. Ti­ve que ven­der a bol­sa no ­meio do ­corredor’’, di­ver­te-se.

  Fa­to se­me­lhan­te ocor­reu quan­do a es­ti­lis­ta es­ta­va em um des­fi­le de mo­da, em São Pau­lo. En­quan­to apre­cia­va as rou­pas que ­eram mos­tra­das na pas­sa­re­la, per­ce­beu que um ra­paz não ti­ra­va o ­olho de­la. ‘‘Quan­do o des­fi­le aca­bou ele ­veio per­to de mim e per­gun­tou ­qual era a mar­ca da mi­nha ­bolsa’’, re­ve­la.

  No ano pas­sa­do, El­ya­ne apro­vei­tou o su­ces­so que a Ín­dia fez no Bra­sil e pro­du­ziu pe­ças des­ta­can­do a ima­gem de deu­ses hin­dus. O su­ces­so foi tão gran­de que a obri­gou a ven­der bol­sas fei­tas pa­ra ela mes­ma. No ano pas­sa­do, a es­ti­lis­ta de­se­nhou e pro­du­ziu 300 bol­sas di­fe­ren­tes, en­tre pe­ças da co­le­ção, en­co­men­das e as pro­du­zi­das com ma­te­rial re­ci­cla­do.

  Nes­te ano a es­ti­lis­ta pro­me­te con­ti­nuar com a pro­du­ção de bol­sas, mas irá de­di­car-se ­mais à fa­bri­ca­ção de cin­tos. ‘‘Ele agre­ga va­lor ao vi­sual. A cin­tu­ra das cal­ças es­tá su­bin­do e o cin­to vem com ­tudo’’, aler­ta. Com a di­ca de El­ya­ne, é ho­ra de re­vi­rar o ar­má­rio e en­con­trar aque­la ja­que­ta de cou­ro que já não usa ­mais. Ela po­de ser trans­for­ma­da na bol­sa ou no cin­to ­mais fas­hion do guar­da-rou­pa. O tra­ba­lho da pro­fis­sio­nal po­de ser con­fe­ri­do no si­te www.el­ya­ne­fiu­za.com.br. (D.C.)

Diogo Cavazotti
Equipe da Folha

Fonte: Folha de Londrina

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